O Papa Francisco participou do último dia do encontro “Arena da Paz. Justiça e Paz se beijarão”, em Verona, no dia 18 de maio, ouviu as testemunhas e respondeu às perguntas relacionadas à temáticas desenvolvidas nas várias mesas de trabalho.

Na reflexão sobre a Paz deve ser vivenciada, experimentada, perguntaram ao Pontífice “como aprender a viver o conflito de maneira saudável e construtiva”. Francisco logo esclareceu: “Se há um dinamismo positivo na sociedade, então também há conflitos e tensões. É um fato: a ausência de conflitualidade não significa que há paz, mas que alguém deixou de viver, pensar e se dedicar àquilo em que acredita”. Explicando que temos que aprender a viver esta conflitualidade, ela não deve ser removida, ignorada, escondida ou marginalizada. Nem mesmo fazendo com que um dos polos prevaleça. Tudo isso pode levar a injustiças e até gestos violentos."

“O primeiro passo para uma convivência saudável com tensões e conflitos é reconhecer que fazem parte de nossa vida, são fisiológicos, quando não ultrapassam o limite da violência”. “Deixemo-nos desafiar pelo conflito”, disse, “deixemo-nos provocar pelas tensões”. Aconselhando: “Procurar, em um conflito, as razões de cada lado, as que estão surgindo e, se formos bem-sucedidos, também as que estão ocultas, aquelas das quais não temos plena consciência”.

Com relação à temática de que a Paz deve ser preparada, Francisco logo destacou que o objetivo deve ser o desenvolvimento integral dos jovens centralizando sempre o ponto de que a dimensão comunitária é decisiva... Concluindo, o Papa disse: “Queridos amigos, o grande desafio de hoje é despertar nos jovens a paixão pela participação. Precisamos investir nos jovens, na sua educação, para transmitir a mensagem de que o caminho para o futuro não pode passar apenas pelos esforços de um indivíduo, por mais bem-intencionado e bem-preparado que ele seja, mas passa pela ação de um povo, no qual cada um faz a sua parte, cada um de acordo com suas tarefas e de acordo com suas capacidades”.

Um forte apelo pela paz concluiu o encontro. Depois do vídeo-apelo de mães judias e palestinas, Francisco comentou, “Estou cada vez mais convencido, continuou Francisco, “de que o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, esse processo de mudança".

Momento de grande emoção no encontro foi o depoimento do israelense Maoz Inon e do palestino Aziz Sarah, familiares de vítimas do conflito no Oriente Médio, que depois de se abraçarem, abraçaram o Papa Francisco, fazendo com que os presentes na Arena se levantassem e aplaudissem.

Por fim Papa concluiu dizendo: Não sejam espectadores da chamada guerra inevitável... A paz nunca será fruto de desconfiança, de muros, de armas apontadas uns para os outros...As ideologias não têm pés para andar, não têm mãos para curar feridas, não têm olhos para ver o sofrimento dos outros. A paz é feita com os pés, as mãos e os olhos das pessoas envolvidas”.

 

 

Observação: As “Arenas da Paz” nasceram em Verona em 1986, promovidas inicialmente pelo movimento “Bem-aventurados os pacificadores”. Envolveram diversas realidades ao longo do tempo, centrando-se em reflexões sobre aspectos da não violência.