• Por Luiz Andreassa

O melhor modo para começarmos a entender a polarização é olhar para trás. Na verdade, bem para trás, em nosso passado como espécie.... Uma das estratégias mais úteis para preservar a si mesmo em tempos remotos era se juntar a outros indivíduos e formar grupos. Com a ajuda de companheiros, era mais fácil conseguir alimentos e se proteger de predadores e adversários.

Porém, existia um preço: para ser aceito em um grupo... exigia lealdade.... que, quando levada a fundo, implica em abrir mão da própria individualidade para aceitar as normas, crenças e ideias do grupo. Afinal, ser leal era mais importante do que analisar fatos e ideias de modo crítico e independente.

Com isso, podemos dizer que nosso cérebro foi programado para encontrar uma turma, se adaptar a ela, fazer dela parte de nossa identidade e se manter fiel ao máximo possível....

Se a tendência à polarização existe no próprio cérebro humano e nos acompanha há tanto tempo, por que esse fenômeno tem ganhado tanto destaque atualmente?

O primeiro fator que podemos citar são as redes sociais. Dentro de cada uma delas, são usados códigos, chamados de algoritmos, favorecem os conteúdos e informações que se encaixam com a nossa visão de mundo, pois estes nos dão prazer e têm maior chance de serem consumidos.

O problema é que esse processo resulta na criação de bolhas. Cada indivíduo acaba tendo contato apenas com opiniões, notícias, artigos, vídeos e imagens que reforçam suas crenças, assim... reforça as ideias que já tem e passa a ter mais certeza de que está certa em seus julgamentos. As visões discordantes se tornam cada vez mais estranhas, absurdas e, no ponto máximo, inaceitáveis....Tendemos a dar mais valor a fatos e informações que reforçam nossas opiniões e menos valor àqueles que as contrariam....

É possível diminuir a polarização?

A situação é desafiante, mas existem práticas que podemos adotar, em relação aos outros e a nós mesmos, para diminuir a polarização e estabelecer um diálogo saudável. Para isso, reunimos algumas dicas e conselhos dados por especialistas.

Nós somos falhos: Como sabemos, o cérebro humano pode nos enganar com facilidade. Quando fazemos um julgamento ou criamos uma opinião, há sempre a chance de estarmos equivocados.

Como estou pensando? Tão importante quanto estar atento às falhas em nossas visões e argumentos é entender como eles são construídos....Ter em mente uma frase do jornalista e escritor Christopher Hitchens: “não importa o que você pensa, mas como você pensa”.

As pessoas podem mudar de opinião

É importante se colocar no lugar daquele com quem debatemos.... Essa atitude também nos abre para enxergarmos pontos positivos em visões diferentes....

Ninguém deve ser considerado inimigo só por pensar diferentemente de nós. Afinal, o mundo é complexo e não se divide de forma maniqueísta, uma briga entre bem e mal.

Fonte: https://www.politize.com.br/o-que-e-polarizacao/