Texto do Irmão David Steindl-Rast, monge Beneditino, escrito muitos anos antes da Pandemia.

     A palavra ansiedade vem de uma raiz que significa estreiteza, asfixia e constrição. Não é de admirar: o protótipo de toda ansiedade não é nossa passagem original através do estreito canal de parto? No nosso primeiro nascimento, realizamos essa passagem com destemor instintivo; mais tarde na vida, devemos praticar conscientemente para não ter medo, apesar da ansiedade, quando a estrada fica estreita, para não ter medo, quando a ansiedade nos aperta.

Devemos distinguir entre medo e ansiedade: a ansiedade é inevitável na vida; o medo é opcional. Sim, podemos escolher entre medo e coragem. O medo coloca resistência contra a ansiedade e, portanto, fica preso nela; a coragem aceita a ansiedade como um dado e passa por ela com confiança.

Isso não significa que a ansiedade se foi. A coragem não elimina a ansiedade, mas a suporta sem medo. O oposto do medo é a confiança. Se, no meio da ansiedade, confiamos na vida, a vida nos levará por qualquer ponto apertado para um novo nascimento.

A experiência prova isso, quando olhamos para momentos de ansiedade: quanto mais assustadora a ansiedade que tivemos que passar, mais libertadora a nova vida que emergia.

Lembrar disso aumenta minha coragem em meio às ansiedades que devemos enfrentar de todos os lados nos dias de hoje. Não há como negar que criamos um mundo assustador, mas podemos, sobriamente, enfrentar nossas ansiedades e confiar na vida.

Nosso mundo está sofrendo dores de parto e a criança a nascer é uma nova humanidade em um nível mais elevado de consciência. Se trabalharmos como se tudo dependesse de nós e, ao mesmo tempo, soubermos que tudo é presente, podemos, com confiança na vida, antecipar o dia em que poderemos dizer: "É assim que é, a verdadeira humanidade!

"Não temas!" diz Santo Agostinho: "Tudo é graça". Essa confiança sem medo, essa abertura para a surpresa é o que desejo a cada um de vocês e a todos nós juntos nesta época.

 

 

Nosso mundo está sofrendo dores de parto e a criança a nascer é uma nova humanidade em um nível mais elevado de consciência. Se trabalharmos como se tudo dependesse de nós e, ao mesmo tempo, soubermos que tudo é presente, podemos, com confiança na vida, antecipar o dia em que poderemos dizer: "É assim que é, a verdadeira humanidade!

"Não temas!" diz Santo Agostinho: "Tudo é graça". Essa confiança sem medo, essa abertura para a surpresa é o que desejo a cada um de vocês e a todos nós juntos nesta época.