O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) aprovou por unanimidade uma recomendação para a cobertura jornalística do conflito entre Israel e o Hamas que garanta maior diversidade de vozes e equilíbrio de fontes na cobertura do conflito.

"Nós entendemos que é necessário, sim, que seja assegurado no Brasil, por todas as empresas de comunicação, uma cobertura ética que respeite os fatos e que observe o direito de todos os lados serem ouvidos", disse o presidente do CNDH, André Carneiro Leão.

Norian Segatto, diretor da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), e membro do CNDH, disse, "Alguns importantes veículos e programas dedicaram mais de 80% do tempo de suas reportagens a apresentar a visão de Israel sobre o conflito. Isso, a meu ver, pode causar sérias distorções na opinião pública, e não é exemplo de como se faz jornalismo plural, imparcial e democrático".

"O Brasil segue a orientação da ONU [Organização das Nações Unidas] de não colocar o Hamas como organização terrorista, e acho que isso deveria ser seguido pela mídia brasileira. O uso indiscriminado desse termo reforça aspectos de preconceito contra árabes em geral e palestinos. Essa mesma mídia não se refere, por exemplo, ao Estado de Israel como um regime de apartheid ou genocida."

Outra referência são organizações de direitos humanos, como Anistia Internacional, Human Rights Watch e mesmo organizações israelenses, como a B'Tselem, que nomeiam a ocupação da Palestina por Israel como um regime de apartheid, inclusive com a construção de um muro de 9 metros de altura e 760 quilômetros de extensão, o dobro da altura do antigo muro de Berlim e cinco vezes maior em extensão.  

A BBC foi acusada por seus jornalistas de não contar com precisão a história do conflito Israel-Palestina, investindo maior esforço na humanização das vítimas israelenses em comparação com os palestinos e omitindo o contexto histórico-chave na cobertura.

Em uma carta escrita à Al Jazeera, oito jornalistas britânicos empregados pela BBC criticam a emissora de ter um “duplo padrão na forma como os civis são vistos”.

Há desacordos em outras emissoras sobre como cada lado está sendo retratado, alegando um nível desigual de empatia quando se trata das vítimas israelenses e palestinas, como também no uso da linguagem.

Em 25 de outubro, o jornal britânico The Times, citando uma fonte da BBC, informou que a equipe estava “chorando nos banheiros” sobre a “angústia causada” pela cobertura que eles alegaram ser muito branda em Israel.

Jazmine Hughes, escritor do The New York Times, renunciou depois de assinar uma declaração de solidariedade que descrevia “o povo de Gaza” como “vítimas de uma guerra genocida”.

Fontes: Agencia Brasil e Al Jazeera

Nota: Sobre os muros que Israel construiu entre seu território e os territórios palestinos

Em 1947, a ONU aceitou a proposta da Inglaterra, sensibilizada com a causa judaica durante o Holocausto, de dividir a Palestina em duas partes: uma pertencente aos árabes e a outra, aos judeus. Em 1948, foi criado o Estado de Israel, com capital em Jerusalém. Os palestinos que viviam em Jerusalém foram “empurrados” para os guetos da cidade, ocupando a parte oriental da região. Desde então até os dias atuais, a região de Jerusalém vem sendo palco de intermináveis choques culturais e identitários entre os dois povos, desencadeando massacres, guerras e intolerâncias.

Em 2004, Israel começou a construir um muro para separar Israel da região norte da Cisjordânia, alegando que por motivos de segurança, assim Israel isolaria os palestinos, evitando possíveis ataques a Jerusalém. Hoje o Muro de Israel mede 721 km e tem 8 metros de altura, com trincheiras de 2 metros de profundidade, arames farpados e torres de vigilância a cada 300 metros.

Em dezembro de 2021, Israel terminou a construção de uma cerca de 65 km e equipada com centenas de câmeras, radares e outros sensores, "uma 'parede de ferro' que separa seu território da Faixa de Gaza.

Fontes: uol, r7