"Amém, eu vos digo: tudo o que fizestes por um destes meus irmãos menores, fizestes por mim." — Mateus 25:40

Em Mateus 25, Jesus se identifica como encarnado sempre através de pessoas necessitadas. A cofundadora da Catholic Worker, Dorothy Day (1897–1980), expande esta mensagem do Evangelho:

Não adianta dizer que nascemos dois mil anos tarde demais para dar espaço a Cristo. Nem os que vivem no fim do mundo nascerão tarde demais. Cristo está sempre conosco, sempre pedindo espaço em nossos corações.

Mas agora é com a voz de nossos contemporâneos que Ele fala, com os olhos de balconistas, operários e crianças que Ele olha; com as mãos de trabalhadores de escritório, moradores de favelas e donas de casa que Ele dá. É com os pés de soldados e mendigos que Ele caminha, e com o coração de quem precisa que Ele anseia por abrigo. E dar abrigo ou alimento a quem o pede, ou precisa, é dá-lo a Cristo...

Seria tolice fingir que é sempre fácil lembrar disso. Se todos fossem santos e bonitos, com "alter Christus" ["outro Cristo"] brilhando em luz de néon deles, seria fácil ver Cristo em todos. Se Maria tivesse aparecido em Belém vestida, como diz São João, com o sol, uma coroa de doze estrelas na cabeça e a lua sob seus pés [ver Apocalipse 12:1], então as pessoas teriam lutado para abrir espaço para ela. Mas esse não foi o caminho de Deus para ela, nem é o caminho de Cristo para Si mesmo. Dorothy Day oferece exemplos daqueles que ministraram ao menino Jesus e como nós também podemos:

Na vida humana de Cristo, sempre houve alguns que compensaram o descaso da multidão. Os pastores fizeram-no; sua pressa para o presépio expiou o povo que fugiria de Cristo. Os sábios fizeram-no; sua jornada pelo mundo compensou aqueles que se recusaram mudar a rotina de suas vidas para ir a Cristo. Mesmo os dons que os sábios trouxeram têm em si uma obscura recompensa e expiação pelo que viria a seguir mais tarde na vida deste Menino. Pois trouxeram ouro, emblema do rei, para compensar a coroa de espinhos que Ele usaria; ofereciam incenso, símbolo de louvor, para compensar o escárnio e o cuspe; deram-lhe mirra, para curar e acalmar, e foi ferido da cabeça aos pés...

Podemos fazê-lo também, exatamente como eles fizeram. Não nascemos tarde demais. Fazemos isso vendo Cristo e servindo a Cristo em amigos e estranhos, em todos com quem entramos em contato... Para um cristão pleno, o caminho do dever não é necessário... para realizar esta ou aquela boa ação. Não é um dever ajudar a Cristo, é um privilégio.

 

Dorothy Day, Selected Writings: By Little and By Little, ed. Robert Ellsberg (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1983, 1992), 94, 96, 97.  (tradução de inglês)

Juntos somos as mãos, os pés e o corpo encarnados de Deus.