Meu Deus, que no Teu Reino

Quem parte antes de mim

Encontre a paz na Tua eternidade

E bondade sem fim.

E para quem fica,

Que não falte o conforto

De saber que um dia

Nos Teus braços há de se encontrar.

Que hoje nossos corações

Se encham de amor e alegria

Ao recordar aqueles que já partiram,

Mas que pela Tua glória

Continuam vivendo.

Pois quem em Ti acredita, Senhor,

Jamais morre! Amém!

                               

Finados: morrer é dizer “sim” à eternidade (02/11/2022)    Pe. Adroaldo Palaoro, SJ

 

“Que vossos rins estejam cingidos e as vossas lâmpadas acesas” (Lc 12,35)

morte, sempre estranha e, com frequência, incômoda; e no mundo ocidental ela fica escondida em locais funerários, afastada do ambiente familiar. Sem cair em extremismos, este fenômeno diz respeito a um dos problemas que temos como cultura: falar da morte nos dá medo, mesmo sabendo que é uma das poucas certezas que temos. Preferimos ridicularizá-la, negá-la ou silenciar, antes que reconhecer que é uma dimensão de nossa vida que não podemos ignorar. E é questão de tempo, sempre termina por chegar, em ocasiões de uma maneira inesperada: tantas vidas ceifadas, tantas mortes prematuras, tantas histórias truncadas em muitos lugares de nosso mundo.

São mães, pais, maridos, mulheres, irmãos, filhos, amigos, avós, vizinhos, companheiros de trabalho, de comunidade…; tantos que faleceram por diferentes causas e que estão presentes em nossa memória, na lista de ausências. A morte traz dor pela ausência, saudades pelos momentos que se foram, desejo por um presente no qual não estão. Na fé, que ajuda a trazer um horizonte de sentido, a memória dos que partiram desperta também uma profunda gratidão pelas vidas daqueles(as) que amamos, pelas “marcas” que deixaram em nossas vidas, pelas presenças inspiradoras que despertam uma serena consolação, pela esperança de que, um dia, de outro modo, voltaremos a nos encontrar e não haverá mais tristeza, nem pranto, nem dor… Eles e elas, na vida foram, aos poucos, nascendo e nascendo até acabar de “nascer” em Deus.

A vida se transforma no coração da Vida, em Deus. Então, vale a pena, no dia de hoje, ativar a “memória agradecida”.

Neste Dia de Finados, passarão por nosso coração e pela nossa memória, de um modo muito especial e íntimo, aquelas pessoas que foram e são parte de nossa vida e que, ao fazerem a “travessia” para outra margem continuam presentes, amando-nos e sendo amadas por nós. Precisamos parar um momento e acender uma vela por dentro, e escutar. Escutar os ecos que suas presenças nos deixaram, suas palavras, seus gestos… Quê palavras, olhares, gestos não quero esquecer das pessoas de minha vida que já não estão mais aqui? Segundo Guimarães Rosa, as pessoas não morrem, ficam encantadas no nosso coração e na nossa memória.

Finados é um “dia memorial”: memória agradecida que não nos fixa na saudade do passado, mas, nos instiga a prolongar na nossa vida o modo original de viver de tantas pessoas que agora estão “no coração de Deus”. Este é o objetivo dos ritos de finados: ajudar-nos a processar a vida, a morte, a dor, a alegria…, carregados de oração e emoção que move nosso interior à contemplação.     Para continuar o texto inteiro:   

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